terça-feira, 14 de abril de 2015

Quase







Já não sei fazer de conta
Que sei escrever poemas
Estou cansada
Das palavras repetidas
Das somas somadas das sombras


Tudo o que tenho feito é inventar
Um ilusionismo sem qualquer ilusão


Estou cansada de me cansar ao pensar
E... já não sei fazer de conta


Mas um verso pode encerrar tanta existência
Dissipar os lugares escuros
Elevar-nos sem refúgios
Contradizer a exactidão do termo 


E mesmo sem saber conceber tanto                                                        
Nas palavras tantas vezes fatigadas
Reditas na mesma consonância
Vou fazer de conta


Que quase é,
Poesia


domingo, 8 de março de 2015

Sibilinamente






Subitamente cessam as sílabas,
Silentes, comprimem-se oprimidas,
Sufocam-se silenciosamente, umas e outras,
Enredam-se como raízes,
Elevam-se ascendentemente,
Sibilinamente pertíssimo     da voz


Suprimida, a sílaba escuta-se retida,
Repetida, repetidamente,
(Infinitamente)


Dos ecos excedentes surde o silêncio,
Enunciando o eloquente ruído da sílaba muda,
Em sua retirada presença 


Ausente, a sílaba segmenta-se,
Subleva-se em díspar proporção,
Ressurge ímpar significado 


Sílabas perfeitamente soletradas
Inversamente des-construídas
Em progressiva reconstrução


Sucessivamente, as sílabas soltam-se num murmúrio flamejante
Como prece,  
Descendem sobre a hora provável,
Pertíssimo do prometimento,
Sibilinamente sol