terça-feira, 31 de julho de 2012

Vozes Amigas nos Muros do Mundo







Vozes amigas nos muros

Do mundo

Destroem as muralhas das

Indiferenças

Petrificadas em paredes

Humanas


Edificam-se gestos nas palavas

                    Ternos mudos passos

São voz tempo sonho

(Nossa voz é só uma)


Corpos anônimos

Carregam matérias vazias

De sentimentos...


        São nadas

São flores plantadas no asfalto


A minha voz encontra

A tua, amiga,

Formando pontes

De amizade

Entre mares e

Céus azuis estrelados

Vestidos de poesia

Em unidade humana


Somos nota do mesmo compasso

                              Verso da mesma letra

Almas unidas entre os espaços


Nas cores em partículas

Sonhadas de um mundo

Sem muros;

Sem olhos tristes de

Solidão cortante...


Todo o sonho tem a cor das pedras caídas

Da luz que entra em vitrais

                                  (Nossa letra é só uma)

Muros?

Em molduras

Arte em movimento

Vozes do mundo

Germinando

Sentimentos

Novos horizontes desenhando

Vidas que se interligam

No universo em movimento


Nascem estrelas no vazio

                     Cometas cruzam os mares

Muralhas quebram-se em pó

O que nos liga é a Palavra

                A voz é só uma, nosso traço


E o que ilumina

A nossa vida

E nossos passos.





                                                                         Dueto  Maria João Mendes e Suzete Brainer



quarta-feira, 11 de julho de 2012

Não Sabes que sou feita de Sonhos









Tu não sabes das manhãs feitas noite

                        Dos pássaros mudos que pousam na minha janela

             Das vezes que corro em busca das borboletas perdidas


                                  Não, tu não sabes

                          Do silêncio que é som todos os dias

Dos dias que são areias seladas nos passos


Porque não sabes que o tempo é inerte

                                           Que se move como as marés

           Sincronizadas como asas 



Tu não sabes e eu não sei

                             Porque não há cânticos

Quando abro o horizonte pelas janelas feitas de mundos


Correrei atrás das borboletas pela escuridão

(até inventar asas)

Porque não sabes, que sou feita dos sonhos

                                     de uma flor por nascer.



quarta-feira, 4 de julho de 2012

Tempos





Faz tempos que adormeceram os vulcões
Da terra sagrada guardo imóveis momentos

Desconexos tempos
     Fracções mal acabadas
            O vazio do vazio de nada

Faz tempo que tudo petrificou
        Estátuas medonhas de lugares
Espaços ocupados pelo pó
         Onde rios dão nós e não saem do lugar

Fracções desfragmentadas
                 Fim do fim de nada

  Garras com garras agarradas
  Vento com cheiro de enxofre e cinza
               Pó e pedras caídas a meus pés

               Faz tempos que expeliram as lavas
Inundando as terras sagradas
              Em nós guardo o rio que não corre
Onde olho as formas disformes
                Nas poças de água sem molde
                      
          Faz tempo que deixei as terras sagradas
Guardando tempos de nada.