segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Alumiação






Há uma claridade que me cinge
                                   Ampara
Rediz
Sobrepõe-se em imagens


Distende
Em muda linguagem
todos os sons
todos os lugares
        Como miragem


Irrompe uma fortaleza
no olhar
Caem pedras-de-fogo
                de mundos
Muros em eterna reconstrução
Obstinação
             

Fragmento em tempo
Num circular espaço 
     Sem lugar algum
     Que é lugar meu


Remanescentes
Glórias 


Esperas e crença
Como uma sombra na mão
      De uma Luminescência…




sábado, 22 de novembro de 2014

Inconstância






 Uma inconstante constância
 Irrompe e rompe
 Em réplicas
 Um sismo fragmenta-se
                        Sustendo ruínas inabitadas


 Uma brisa / move / um mundo / de vidro


      (não suspires
               não te movas… )


 A inconstância verte
            O ruidoso passo
 de uma memória oposta,
 sem  verdade


 Alastra-se o fogo pela rua
 Na transparência de um mundo
 Fragmentado


quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Travessia









Sem som
Sem vento
        Sem continuidade
Sequer o mínimo momento
                      Ou espaço- fala

Cedo apenas
A imensidão de uma metade quebrada
A palavra esquecida no deserto

Um tempo nada em vago tempo
                                Em demasia

Um lugar inexistente 
Sem claridade
Sem sombra
Sequer uma partícula de pó

Apenas um desordenado traço
em ruída rua


Ascendendo imperativa travessia


quinta-feira, 17 de julho de 2014

In (Concreto)










Queria percorrer o verso
Escrever o concreto sem na verdade ser
Ser a leveza das pedras por onde passo

Contudo, só verso escorrido
Tela imersa em óleo fumegante

A mesma palavra fragmentada
Minúsculas incisões inscritas
Que de tão concretas são vagas   
                                       entre
                                       n
                                      tempo
                             (Nosoma-nosomos )

Talvez,
            Inventar uma esquina
            Uma janela nunca desenhada
Delimitar um espaço
Reinventar um alfabeto
Uma rua onde o tempo não se propaga

Demonstrar que tempestade, nem sempre é ventania


quarta-feira, 28 de maio de 2014

Inspiração






Inspiração
Ins   pi   ra  ção 
Repete
Expira-me
Crê
Cria
Versícula-me



Ainda ontem não sabia que amanhecia
Que meu verso seria o teu
Que no espaço de um corpo todo um poema
Respira


Ainda ontem não sabia das estrelas infindas
na sombra da noite



Encerra as pálpebras
Toda a criação vem do pensamento inspirado
Inspira    
Expira
Respira-me  


sexta-feira, 28 de março de 2014

Começo do Recomeço







Se no começo tivesse sido fim

Não tivesse ido em busca da causa

Que sem causa, causa em mim

Se em determinada hora tivesse notado

                                   A lógica ilógica


Tivesse virado na rua certa

              Calado a palavra errada

 O errado gesto


E fosse portão aberto
         Ao porto de mim


Agora, não era o recomeço

Ou talvez eu fosse o meu avesso

                  Pior que um despertar

Antes começo que um só acabar



quarta-feira, 5 de março de 2014

Se Assim Fosse







Um mundo sem sol

Sem chuva

           O presságio sem sentimento

Limbo


Corda que no pescoço é laço

Que não escorre

Corrente insuficiente para a viagem,

                             Demasiada para cair


O fumo do cigarro que raramente tem sabor

Mas, quando exala, dissolve-se um

                                        Após outro


Essa linha densa que nos separa

Irreal irrealidade real

De um dia de chuva sem capa, o que disse…?


Que a discordância existe


Sim, ela é só…


O tempo advém de nós

Porque o sentimos em todas as variantes


Limbo não entendido


És tu

Sou eu


Que interessa o sol ser fogo

Se não tens asas

Se a negritude total te desse luz


Se assim fosse  


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Palavra-minha






Afunila-se o túnel

Estreita-se o olhar

         Para lá, o Sol

Dilatam-se as pupilas

Para lá da sina

            Um rio para atravessar 

            Com ou sem margens 

        


Afunila-se o tempo

Aumentam os passos



(nenhum cerco me cerca

nenhuma sina me ensina

sou árvore em vaso quebrado)



O verso mal escrito

Na encruzilhada

               Apagado

 Rescrito
                    
                 Agora  Cinzelado



Ilumina-se o túnel

Refaz-se
                    o tempo

          Para lá da arcada

 Esconde-se um florido campo



(mão que estende

no defumar de uma eterna

fragrância…)



Etérea- harmonia

Sopro-começo

Palavra-minha
                   



quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Vento Frio de Palavras






Palavras são cordéis de arame

                             Enegrecem
Pisam repisam



Amarga água

         Onde mortas eclodem rosas

Espinhos

Dilaceram              esquartejam

Esmurram a alma



São                             eco



Propagam-se sem explosão

                           Em gelo

São cordéis de roca afiada



Palavras ao vento

                Enleiam recalcam a alma