sábado, 8 de dezembro de 2012

Verdade




Serpenteias entre as palavras e foges


Árido ermo onde estilhaçam cálidos lírios brancos


Escorre veneno nos beirais


No relógio parado (de ti alagado)


Sopram ventos de areias lentas 

Tardiamente
                      
                   Tardios aos olhos movem-se

Sombras horrificadas

                      Quente brisa em negro escarlate    

 Árida chuva dança a teu rasto

 Que são laços de embaraços

                    
                       Lento vento corrosivo, que não escutara

Tardiamente, Sopro que assopro num só sopro.
(onde te escondes…)                     

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Tempo de Voltar






Sem pausa, enquanto tocavam os violinos

Pousaste todos os pêndulos

Todas as horas

                 Agora que as tempestades não têm rio

Pausaste num destino sem condenações



(Sempre soube que o oceano abarca uma margem)



Não me importa que as cordas tenham ficado gastas

Desafinadas

Que os desertos sejam incertos de água

                             Que não existam fráguas


Tenho as flores para contemplar 

Uma pausa com todas as notas para escutar

          Uma margem de um destino para Pousar

sábado, 27 de outubro de 2012

Distorção





Na distorção nenhuma voz se escuta

                       Nenhuma vogal se vê

Tempos entre os tempos somados

                        Que sobram sem vez


Pautas de sonhos estilhaçados

Inspiradas no vapor das ondas do mar

                    Onde jazem palavras ocultas


Quebram as asas molhadas

                         Que se dissolvem no sal

Vazias presas nas teias do tempo


Nenhuma voz é voz numa pauta rasgada

               Nenhum tempo é tempo numa fracção inacabada


Escuta-se a visão distorce-se o silêncio

(todas as visões são alteradas)

Nenhuma nota tem vez


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Acaso





O acaso raro

De se prenderem as sílabas  

             Nenhum traço é traço do acaso

Nenhum acaso é premeditado


Todo o círculo tem um ponto de partida

                            Que parte onde começa

Que começa onde é seu fim


Resisto

Exacta é a linha directa em curvas

Sem voz ouço as sílabas 
                                          Indignas do fim
Insisto


O começo é passo raso na espera do Sol

O que os dedos não tocam a boca não diz
(Redigo…)



quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Porque não nasces de um verso de uma frase minha?







Porque nasce a rosa do espinho

Se de perfume me definho…

                       No começo uma poesia

Porque não nasces de um verso de uma frase minha?

Espectros de vitrais e sombra onde te busco

                                      Poema, frase

Porque não nasces de um poema de um verso meu?

                      Há uma palavra onde recomeço

Onde acabei

Onde as penas são voos de olhos vendados

Porque não nasces de uma poesia de uma frase minha

Porque imortal é o espinho e morre a rosa?


terça-feira, 31 de julho de 2012

Vozes Amigas nos Muros do Mundo







Vozes amigas nos muros

Do mundo

Destroem as muralhas das

Indiferenças

Petrificadas em paredes

Humanas


Edificam-se gestos nas palavas

                    Ternos mudos passos

São voz tempo sonho

(Nossa voz é só uma)


Corpos anônimos

Carregam matérias vazias

De sentimentos...


        São nadas

São flores plantadas no asfalto


A minha voz encontra

A tua, amiga,

Formando pontes

De amizade

Entre mares e

Céus azuis estrelados

Vestidos de poesia

Em unidade humana


Somos nota do mesmo compasso

                              Verso da mesma letra

Almas unidas entre os espaços


Nas cores em partículas

Sonhadas de um mundo

Sem muros;

Sem olhos tristes de

Solidão cortante...


Todo o sonho tem a cor das pedras caídas

Da luz que entra em vitrais

                                  (Nossa letra é só uma)

Muros?

Em molduras

Arte em movimento

Vozes do mundo

Germinando

Sentimentos

Novos horizontes desenhando

Vidas que se interligam

No universo em movimento


Nascem estrelas no vazio

                     Cometas cruzam os mares

Muralhas quebram-se em pó

O que nos liga é a Palavra

                A voz é só uma, nosso traço


E o que ilumina

A nossa vida

E nossos passos.





                                                                         Dueto  Maria João Mendes e Suzete Brainer



quarta-feira, 11 de julho de 2012

Não Sabes que sou feita de Sonhos









Tu não sabes das manhãs feitas noite

                        Dos pássaros mudos que pousam na minha janela

             Das vezes que corro em busca das borboletas perdidas


                                  Não, tu não sabes

                          Do silêncio que é som todos os dias

Dos dias que são areias seladas nos passos


Porque não sabes que o tempo é inerte

                                           Que se move como as marés

           Sincronizadas como asas 



Tu não sabes e eu não sei

                             Porque não há cânticos

Quando abro o horizonte pelas janelas feitas de mundos


Correrei atrás das borboletas pela escuridão

(até inventar asas)

Porque não sabes, que sou feita dos sonhos

                                     de uma flor por nascer.



quarta-feira, 4 de julho de 2012

Tempos





Faz tempos que adormeceram os vulcões
Da terra sagrada guardo imóveis momentos

Desconexos tempos
     Fracções mal acabadas
            O vazio do vazio de nada

Faz tempo que tudo petrificou
        Estátuas medonhas de lugares
Espaços ocupados pelo pó
         Onde rios dão nós e não saem do lugar

Fracções desfragmentadas
                 Fim do fim de nada

  Garras com garras agarradas
  Vento com cheiro de enxofre e cinza
               Pó e pedras caídas a meus pés

               Faz tempos que expeliram as lavas
Inundando as terras sagradas
              Em nós guardo o rio que não corre
Onde olho as formas disformes
                Nas poças de água sem molde
                      
          Faz tempo que deixei as terras sagradas
Guardando tempos de nada.


segunda-feira, 25 de junho de 2012

Templo de Alma







Um céu azul contemplado

                Templo de alma

 Um caminho em flor de lótus

        Quando as aves cantam ecoam tua vida

Tua voz tem o som do vento

        Teu silêncio é como rio que corre em margens floridas

Essências coloridas feitas verdade

           Onde sou abrigo

Onde sou poesia

Sempre continuando mesmo diante a maresia 



Um bosque divino

             Um azul de Asas em tuas mãos

Templo de calma desenhado em versos

Um mundo onde a cor não é ilusão

                 Serena chuva  

Primeiro raio do dia

Acorde de todas as melodias

Contemplado azul Mar

        Um caminho em flor de lótus.

                                         



                                                 
                                                  Dedicado a amiga Suzete Brainer, Poetisa de Alma e Coração 

                                                       

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Nenhuma noite é Eterna




Sobrepõem-se falésias de onde sempre me ergo
                                                          Mesmo sendo Rio
Todas as montanhas se sobem
Nenhuma é inatingível
                                        
Distancia-se o Sol
                              Nasce a noite
Nenhuma noite é eterna
Assim como nada
 Luz a passo e passo candeia a candeia
Todos os labirintos têm uma saída
                                                        Mesmo que seja a subida da colina
 Pedras erguem monumento cercado
                            O que me detêm é nada
 (mesmo quebrada, tenho a minha espada)


Espera a primavera que acabe a cinza
Passo a passo a Luz
Incide, sou tempo, sou espera que chega em doce primavera
                                                                                        Que renasce
 Desvanece a cinza
 Amanhecem meus olhos
                            Distancia-se a noite
Caem todas as quedas
                              Sigo todos os feixes

Em abraço me espera o princípio nova Era

Distancia-se a noite nasce o Sol  (nenhuma noite é eterna.)

terça-feira, 22 de maio de 2012

Fôlego Luz vida






Longe            meus traços

Perto caem areias nos passos

Desfazem-se todas as linhas

O tinteiro acabou

                 O aparo entortou

Esgotaram as penas

Escrevo a Pés de Perpétuas

                    Que tocam teu sino

Ditando meu destino


“São de mel teus passos, é de Luz tua sina”


É fogo cinza os porões
                                               Afundados
De asas as tempestades soltas

                       Longe            murcham teus traços

Rosa- Deserto findas


Pisei todos os cardos


Colho azul meio-dia


Perto  Fôlego  Luz  vida




terça-feira, 8 de maio de 2012

A Verdade da Alma que habita em Mim





Nas portas fechadas
Quebrei as janelas
Reflexo ainda sem nexo
                       Que espero aqui

Passada a primeira porta,
Atravessadas mais duas.
Desci a escadaria,
Sem lembrar do caminho     
                              Deixado pra trás

Escada a
              escada

Estranho era o pátio que me aguardava,

O céu era seu tecto.

(Vi- te caído em figuras que nunca vi
Guardados tesouros talhados
Pedras com vida
                           De um passado.
Coração cinzelado
Sem saber, era o meu
No meio das talhas já gastas
No meio das silvas)

Como poço que tem água
Tudo ali  me contou
Pela primeira vez,
                                    Vi a verdade da Alma que habita em mim.
Nas janelas abertas
Atravessei como portas
Em escadaria
                          Que desci
Estranho foi o tempo que senti.
                                 

quinta-feira, 26 de abril de 2012

A Perfeição é uma flor chamada Amor





Diz que sou ave onde voas
Palavra que com palavra vogas
Como tempo sem areias
Penas em céus
                          Azuis de chama
Memória com presente
Ausente
                    Mundo ergui

Como terra que nasce sem ti
(A perfeição é uma flor chamada Amor)
Onde conjugam todos os seres
Palavra sem palavra voga

Onde voas
                Nas palavras feitas á beira do mar
Diz-me que voas onde sou palavra.




sábado, 14 de abril de 2012

Tu, tu fazes-me falta




Na perfeição do Céu dançam  os olhos
Nas estrelas
plena Lua  perfeita-perfeita 
amanhece em fogo de rasgos imperfeitos-mais-que-perfeitos
(é a linha do infinito que me rasga)
                                  o toque do vento

sabe...

são de asas os sonhos
          da impossibilidade
   possível verdade

     saudade arde
(tu, tu fazes-me falta )



terça-feira, 3 de abril de 2012

Faria um Relógio de Sol pra me iluminares






Pudessem as pedras recontar
Lá ao fundo a visão que se ergue
( túnel onde acendes velas )
       soubesse o ponteiro partido
No distorcido segundo te puxar

Cada sopro era 
                             ( chama )
Cada chama minhas mãos         r
quisesse o caminho soprar a  vela  
                                                 s  
                                                   g
                                                       a
                                                          d
                                                        a                                                                 

Até ao caminho feito de nada
Faria um Relógio de Sol pra me iluminares

Dias seriam Horas
         Onde te erguias
           Em horas seguidas para me tocares.



domingo, 11 de março de 2012

Em Gelo Ponto de Fusão







Reduzidas em pedaços

Quebradas
Promessas
Interrompidas
No
Perfeito
Desfeito

Pretérito mais-que-perfeito
Nós
Em
Presente do conjuntivo

                                 Ponto de fusão
Confusão
Que nós gelemos

Em Estátua
Em ponto de Fusão,

Quebrados.
                         
                            Imperativo...


sábado, 10 de março de 2012

Contorcida melancolia






Tu podias ser poesia
      Mas és música tocada numa triste melancolia

Melodia sem movimento
Vento que sopra
                    Sem as folhas tocar
Movimento sem melodia
       Que levanta as folhas
                    Mas não se ouve
Resmalhar

Piano aonde os dedos
Não chegam
      Contorcem
Dando o som de um rochedo

Melancólica melancolia
Triste
     Cor cinza no dia
Contorcida melancolia,
       Onde tu,
              Eras para ser     a  Poesia.




És Poesia








Traço-te no traço da palavra.

Imagino-te

                      Mãos no rosto
                      De dias cansados

Com uma caneta
Escolhes aquilo que sonhas
                        Ou sonhas-te.

Em letra serena e calma

Eu traço-te nos teus traços.

De forma usual
Nada em ti, é normal

Pensas a Alma
Mesmo com a amargura tens no coração
És ponto de calma.


No silêncio da noite
Silencias com lágrimas
O teu sono.


Velas quem queres bem.
Como o céu te vela também.
E te vê,
              Na espera.

Estás traçado no traço da palavra
Como os dias estão traçados em Ti.

Tu...
         
             És Poesia numa eterna Magia.







sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Em Espelhos partidos Existem sempre reflexos Reflectidos



Andando em círculos
Com os meus Espelhos
                            Alguém me vê?
Cegueira
Não, eu sei que não...

                          (minto-me)

Nuvens de mares
Têm tantas Faces

                        (confusão)
                             (beleza)
Círculos
             Sons inscritos

                      (passado)

Um dia tudo vai...

                    (presente)
E

Sonho a Sonho
Desgovernado corpo

                         (queda)

O chão aproxima-se

     Lentamente

Caio

      Caio

Caio...
             (dor)

             (incompreensão)

Entorpecido corpo doído

                      (resigna-se)

Lá em baixo
Que existe? (ignorância)

                     (expectativa)
Talvez eu voe....
                   (esperança)


Não!

Caio

       Caio

Caio....            (medo)

Onde estou?
Daqui tudo é tão alto
Lá de cima, tudo era tão baixo...
                      ( medo)

                          (expectativa)

                    Lágrimas

Espero voltar onde era meu lugar (fé)
O Céu nunca me disse que era impossível
Lá chegar...

O vento com ele traz as folhas
Eleva-me...
                                       (Espanto)
Posso...

Posso?                        (Felicidade)

Sensação, Sensação, Sensação
            (concretização)

A queda pode abrir caminhos por trilhar
Tudo no mundo tem o seu lugar.
Em espelhos partidos
Existem sempre reflexos
                                            Reflectidos


        (Conclusão. ) 

Quem foi que urdiu a Palavra?







Em tempos mais longe que o Longínquo
Foram Urdidas em Segredo

Palavras em doces mentiras

Ainda sem ter
           Sombra do relógio
                Sem o relógio ter sol.

Proferiram fantasias
                                   Quimeras mentiras

Onde quem urgiu,
Soltou em todo o Mundo

                                    O murmúrio disfarçado
  Em mão estendida.

Quando na verdade quem o dizia
Se esqueceu,
De contar de quem com a verdade
O Tocou e perdeu,
                                   
                                   De dor enlouqueceu.

Quem foi que urgiu a palavra Amor?


De minhas lágrimas crescem silvas
Urdidas palavras
Caladas
Sentidas
Agora são pétalas caídas.





Falsa Cor de Jardim





Como falsa vela
Eras candeia onde as Borboletas
Na noite buscavam Luz
Falsa candeia...
Que em volta tecias uma Teia

Haverás em tempos ouvir
Ouvirás em Tempos

Palavras Queimadas
Como Esporos derramados
Nascidos na ilusão de Ti

E serás...

Teia entrelaçada em veia
Escorrida em frias e aguçadas pedras

                  Passando as palavras ao lado de ti.

Falsa Imagem

Imagem opticalmente ilustrada

Detalhadamente usada

Miragem de Marfim

Fria

Deserta

Falsa palavra desfeita.

Gaiola enjaulada
Pássaro sem canto

Luz Apagada

                       Falsa Cor de Jardim.