quarta-feira, 4 de julho de 2012

Tempos





Faz tempos que adormeceram os vulcões
Da terra sagrada guardo imóveis momentos

Desconexos tempos
     Fracções mal acabadas
            O vazio do vazio de nada

Faz tempo que tudo petrificou
        Estátuas medonhas de lugares
Espaços ocupados pelo pó
         Onde rios dão nós e não saem do lugar

Fracções desfragmentadas
                 Fim do fim de nada

  Garras com garras agarradas
  Vento com cheiro de enxofre e cinza
               Pó e pedras caídas a meus pés

               Faz tempos que expeliram as lavas
Inundando as terras sagradas
              Em nós guardo o rio que não corre
Onde olho as formas disformes
                Nas poças de água sem molde
                      
          Faz tempo que deixei as terras sagradas
Guardando tempos de nada.


8 comentários:

  1. olá Maria,

    "Em nós guardo o rio que não corre
    Onde olho as formas disformes...
    Faz tempo..."

    e o que parecia ser de veludo macio
    afinal não era mais que um corpo de pedra

    que se quer distante e passado
    esquecido
    como tempo marcado pelo "Fim do fim de nada"

    gosto muito de te ler
    bj

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  2. Despedaçadas foram as promessas das sagradas terras
    em suspensos pedaços
    Como pó de petrificada pedra


    Dos vulcões procederam os rios de fogo
    que se expandiram
    queimaram
    incendiaram
    o tempo em cinzas

    Resta o aroma do enxofre
    como traço apocalíptico da memória

    "Faz tempo".


    ______


    Um cenário bem urdido, em negro alaranjado, em impressivas imagens, num todo que se sente desfragmentário
    como se inverso fosse o verso

    Bjo.

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  3. Há tempos que já passaram há muito tempo...

    Gostei muito desta viagem no tempo! Continua a escrever esta tua teoria, eu agradeço!

    Beijos

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  4. Muito belo e profundo esse teu poema...

    Nos conduz a uma viagem no tempo, nos conectando com a fragilidade

    dos monumentos(históricos)e as construções monumentais dos estilos

    de vida, as vezes tudo vira pó e pedras que ocupam os espaços...

    Mas, os terrenos férteis, sempre nascem flores, bela flor em poema!

    Adoro colher teus poemas, amiga!!

    Beijos grandes.

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  5. Corre a vida numa tela
    Fotograma verdade, fotograma mentira
    A preto e branco bate um seco coração
    Uma mulher diz que no amor é verdadeira…

    Vem comigo ao cinema paraíso


    Boa semana


    Doce beijo

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  6. Ótimo!!! Muito bom, forte, intenso! Gostei Maria João!

    []s

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  7. Faz tempo, faz tempo, que tudo aconteceu, mas parece hoje, pois continua acontecendo. Meu beijo.

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  8. Uma herança olhada de soslaio, por maltratada, mas ainda assim a necessidade de acreditar.
    Gostei muito de descobrir este espaço.

    Bj

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