quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Sou a Pedra Secular






                Que é de ti?

 Que ocultas a verdade

 Que é de mim?

           Que de mim contas histórias

 Que é do verso feito sem nexo?


Agora só tocam sopros que cantas no limiar

Que é da razão que precedeu á loucura previamente anunciada



 E os Sonhos?



Quando  rimo o silêncio

Quando  faço asas de cor



Somem-se ventos

                     Caem desalentos

 Formam-se sóis de tempestades que nada sabem da chuva 



Que é do tempo sem ser saudade

            Das mãos sem serem palavras

(Vejo becos cheios de promessas por cumprir)



 Que é do vento que soprava calor


 Das chamas 

                    Ou da canção perdida



Sou espera que espera incessante

                       Descrente enquanto crê

 Acendendo velas lançadas ao mar



 Sou a Pedra Secular  

             Onde um dia dormiram sereias…


11 comentários:

  1. As suas palavras são sonho. Que tipo de pessoa imagina uma "pedra secular onde um dia dormiram sereias"? Alguém muito especial.
    É sempre um prazer lê-la.

    Beijinho, um doce fim-de-semana
    Ruthia d'O Berço do Mundo
    http://bercodomundo.blogspot.pt/
    https://www.facebook.com/BercoDoMundo?fref=ts

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  2. Um espanto ler tuas interrogações retóricas que vão para lá de ti, num mundo metafórico, quiçá, metafísico...
    Releio porque cada palavra inscrito no verso é um mundo de sentidos...

    Parabéns, Maria João.
    Bjo :)

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  3. Querida amiga,

    "Sou a pedra secular

    Onde um dia dormiram sereias..."

    Creio que sim. Esta é a fonte do teu ímpar e belo sentir poético.

    A tua poesia etérea é de matéria dos sonhos, trazendo

    a profundidade e os belos mistérios do mar aberto,

    que nos paralisa nas ondas do silêncio e na

    música dos movimentos...

    Adorei esta viagem marítima!

    Beijinhos grandes.

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  4. Não são os séculos que nos formam
    talvez nem sequer as palavras
    há contudo versos que perduram

    "Que é do tempo sem ser saudade"

    Onde me detive e me demorei

    Efectivamente existe no tempo um tempo decorrido
    que se forma na escorrência de um passado-saudade

    Onde
    a incessa espera é descrente
    onde o silêncio é palavra-memória

    "Que é do vento que soprava calor"

    Quando as tempestades se somam
    Quando o vento é secular desalento

    "Que é do verso feito sem nexo?"
    Se a loucura se anuncia prenunciada num resto de razão

    Talvez porque como um dia escrevi a eternidade é uma forma de promessa

    ________________________


    Um poema de imensa profundidade
    Com versos de excelência (dos melhores que já te li)
    Numa escrita que se sente contínua evolução
    Uma escrita que sempre nos faz sentir

    Bjo.



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  5. Absolutamente rendida, a beleza singular da sua poesia.
    Beijinho e bom fim de semana!

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  6. As pedras sabem esperar...
    Magnífico poema, gostei imenso.
    Maria João, querida amiga, tem um bom fim de semana.
    Beijo.

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  7. Sempre bom ler os teus poemas, Maria João! Gosto de vir cá, sei sempre que me espera um momento introspectivo e que levarei algo de bom!

    Um beijinho

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  8. As pedras guardam tanta vida...

    Imenso, Maria João.

    Beijinho.

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  9. Abro a tua porta sabendo que esvoaçarei para lá do tangível.
    Deito-me numa pedra secular e, porque nela dormiram serias, interrogo-me:
    "Que é do tempo sem ser saudade"

    Beijo.

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  10. Reli o teu excelente poema.
    E continuei maravilhado.
    Maria João, tem uma boa semana.
    Beijo.

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