Anoitece
Cerra
o dia
Caem verbos sem destino
Sem destino tempo sonho
Adormeço e faz-se
noite
Espero presenciar através
de um vitral
Tempestades sem dias
Antevejo
Chuva quente
Inerte vendaval
Quem sabe passo
intemporal
Em nua cor
Cerro as pálpebras
Que não
cerram
Afasto o som
Que escuto em eco
Anoitece Anoitece
A noite tece
(e eu teço sem linha)
Há uma rosa por colher
Arvoredos cerram o horizonte
Cai o dia
Diante ao vento
Que se
estende
Tarde se fez… e ainda vejo
Purpúrea denúncia
Nas mãos frias, gota a gota
Colhi o espinho
A medida que fui lendo este teu imenso poema, fui tecida pelo sentir
ResponderExcluirde profundidade a contemplar o tempo do dia, que entardece, escurecendo
um espaço de nua cor e sobrepondo a um silêncio restaurador.
A dimensão da beleza da tua poesia sempre reflete. Encontro assim
a possibilidade do sonho colhido em luminosa rosa que renascerá em cor...
Belíssimo e tocante, querida Maria!
Beijinhos,amiga.
PS: Estava muito saudosa de ler-te...
A imagem escolhida reflete a beleza e intensidade do poema...
ResponderExcluirEntardecemos
ResponderExcluirnos reflexos de um vitral
no interior de um sonho sem destino
Onde anoitecemos num tempo inerte
No eco afastado de um verso intemporal
Escrevo e faz-se noite
São purpúreas denúncias
rasgadas entre horizontes (cerrados),
São caminhos que se estendem
como espinhos (sangrantes)
Escrevo
Faz-se noite
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Um belo poema que vem de dentro embalado na dor
Bjo.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirQuando a noite está em nós, nunca "amadruguesse"...
ResponderExcluirGosto sempre de vir aqui visitar-te e ler a tua intensidade!
Um beijinho
Entardecem as palavras mudas, os sentires que rasgam o peito, entardece o coração e no coração dos homens. No dia, na noite, na alma, nascerão sempre os sentires que, de forma bela ou dolorosa, escrevem de nós e do mundo.
ResponderExcluirabraço
cecilia
Olá Maria João, o seu poema tem um quê de beleza catastrófica, adorei a metáfora "caem verbos sem destino"...
ResponderExcluirBeijinho, uma doce semana
Ruthia d'O Berço do Mundo
Muito belo o seu poema...Espectacular....
ResponderExcluirCumprimentos
Pressinto que a intempérie devassa o poema, mas apesar da dor que cerra o dia, vislumbro uma rosa por colher. Uma rosa que exala o perfume de uma excelente poesia.
ResponderExcluirBeijo, querida amiga Maria João.