quinta-feira, 17 de julho de 2014

In (Concreto)










Queria percorrer o verso
Escrever o concreto sem na verdade ser
Ser a leveza das pedras por onde passo

Contudo, só verso escorrido
Tela imersa em óleo fumegante

A mesma palavra fragmentada
Minúsculas incisões inscritas
Que de tão concretas são vagas   
                                       entre
                                       n
                                      tempo
                             (Nosoma-nosomos )

Talvez,
            Inventar uma esquina
            Uma janela nunca desenhada
Delimitar um espaço
Reinventar um alfabeto
Uma rua onde o tempo não se propaga

Demonstrar que tempestade, nem sempre é ventania


6 comentários:

  1. Oi Maria!

    Primeiro quero registrar a minha saudade de ler-te...

    Concreto,o mundo é pesado e as vezes aprisiona palavras,diminui os espaços

    respiráveis de afeto e sedimenta a mesmice das estradas conhecidas (rotinas).

    A poesia é uma janela e para os poetas um caminho a transfigurar o cimento

    da dureza das pedras,em pontos luminosos inventados que voam

    na inspiração.

    Eu entrei nesta tua bela janela (poesia) e voei alto...

    Este teu belíssimo poema me tocou (emocionou) profundamente.

    Beijinhos grandes,querida.

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  2. Na tua poesia não cabe o concreto, Maria João, tão só porque ela é sui generis, arte de palavras (re)inventadas, intersetadas pela tua peculiar criatividade.
    Na tua poesia não cabe o mundo que conhecemos...
    Adoroo sempre ler-te, precisamente porque interpreto arte...
    BJO :)

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  3. Percorrer do corpo o corpo do tempo
    Escrever os ventos afastando a invernia
    Inscrever, num sólido seixo, as incisas palavras

    Ser Concrecta
    Minusculamente elevada num verso-ventania
    Talvez vaga

    Circular pela água
    Inconcretamente certificar o contorno angular de um canto esquecido
    Vago, talvez

    Delimitar o espaço irregular de um poema
    Num tempo improrrogável

    Ser Leve
    Levemente Inconcreta



    Bjo.

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  4. Tempestade pode até ser brisa...! ;)
    beijinhos

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  5. Uma janela que se abre à leveza e à substância da palavra.
    Realmente apetece voar!
    Beijo, Maria.

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  6. Maravilhoso! Os poemas são feitos de palavras inventadas...
    Beijo
    Graça

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