sábado, 22 de novembro de 2014

Inconstância






 Uma inconstante constância
 Irrompe e rompe
 Em réplicas
 Um sismo fragmenta-se
                        Sustendo ruínas inabitadas


 Uma brisa / move / um mundo / de vidro


      (não suspires
               não te movas… )


 A inconstância verte
            O ruidoso passo
 de uma memória oposta,
 sem  verdade


 Alastra-se o fogo pela rua
 Na transparência de um mundo
 Fragmentado


4 comentários:

  1. O tempo irrompe, num sismo,
    Fragmenta-se, em réplicas,
    Alastra-se, num incendiar de mundo
    Enquanto a memória, variante, se verte oposta
    Enquanto o passo, ruindo, se revela inconstante

    Assim, in-transparente se segmenta o tempo, inamovível

    (...)

    Imagens poderosas
    (a ideia da fragmentação de um sismo é de uma imagética sublime)
    Marcadas por uma semântica que nos detém longamente no verso
    (na inconstante constância dos seus múltiplos significados e significantes)
    Aprimoradas num impressivo trabalho fonético
    (como por exemplo, "irrompe e rompe em réplicas")

    Um poema irrecusável

    Bjo.

    ResponderExcluir
  2. Maria João, venho desejar um Feliz Natal e um excelente 2015, com tudo de bom, quer a nível literário, como em todos os aspectos da vida!

    Um abraço!

    ResponderExcluir
  3. Um poema que nos tira o fôlego (impressionante) ...
    Remete ao movimento da vida, precisamente aos passos da humanidade
    numa desconstrução do ser, no equilíbrio da fragilidade no
    caminho das horas...

    Magistral,que bela sonoridade,Maria!!
    Beijinhos.

    ResponderExcluir