sábado, 8 de dezembro de 2012

Verdade




Serpenteias entre as palavras e foges


Árido ermo onde estilhaçam cálidos lírios brancos


Escorre veneno nos beirais


No relógio parado (de ti alagado)


Sopram ventos de areias lentas 

Tardiamente
                      
                   Tardios aos olhos movem-se

Sombras horrificadas

                      Quente brisa em negro escarlate    

 Árida chuva dança a teu rasto

 Que são laços de embaraços

                    
                       Lento vento corrosivo, que não escutara

Tardiamente, Sopro que assopro num só sopro.
(onde te escondes…)                     

14 comentários:

  1. Intrigante o título "verdade", para este texto, de locais desconhecidos, de sombra, de vento... Mas talvez seja assim que ela se encontre, talvez seja lá que ela se esconde...

    Beijo, bom domingo

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  2. Detenho-me no título
    Leio o poema
    E ao título me devolvo

    "A verdade" é um conceito estranho

    Na aparência é absolutamente objectivo (e, portanto transparente)
    Mas não será também necessariamente subjectivo (de acordo com a perspectiva de quem vê)

    "A verdade", assentemos nesta intermédia premissa, é dúbia

    Toda a palavra é relativa
    assim como relativa é toda a absoluta verdade


    A mentira é, ainda assim, menos equívoca
    Como escrevi uma vez é uma "incerta certeza"


    "Verdade" é um poema de certezas incertas

    de negras sombras (em negro escarlate)

    de ermos ventos (e cálidos lírios brancos)

    de áridas chuvas (em corrosivas águas)

    onde a dor escorre entre palavras envenenadas


    Um todo muito impressivo que inquieta mas também seduz

    Bjo.



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  3. A verdade é das coisas mais difíceis de encontrar.
    E, para complicar, muitas vezes existe a verdade de cada um, que é diferente da dos outros...
    Mas a verdade, verdadinha, é que o teu poema é excelente.
    Gostei muito, continuas a fazer poesia de se lhe tirar o chapéu.
    Maria João, querida amiga, tem um bom Natal.
    Beijo.

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  4. Oi querida amiga!

    Primeiro saudade e saudade de ler-te...

    Cada vez mais,mergulhar no teu universo poético é

    fascinante,exigindo um sentir e olhar atentos ao caminhar pelas

    tuas enigmáticas palavras,encontrando símbolos e significados

    expressados na beleza única da tua poética.

    "Tardiamente,sopro que assopro num só sopro.
    (ondes te escondes...)"

    Particularmente,sinto a verdade como um sopro

    libertador,revolucionário,um caminho simples,límpido e solitário

    de ser...

    Beijinhos cheios de saudade,amiga!

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  5. Olá, Maria João

    Dei aqui um "saltinho" para agradecer os comentários sempre tão bons de ler, gosto muito de te receber lá no meu espacinho!

    E, como o tempo às vezes é nosso inimigo, deixo já os meus votos de Boas Festas!

    Beijinho

    P.S.: Aguardo o teu próximo poema! ;)

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  6. Eu detenho-me nos laços onde a verdade se embaraça. Mesmo no paraíso as palavras serpenteiam enganadoras.
    Gosto dos caminhos por onde me levam as tuas palavras.
    Muito!
    Beijo.

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  7. Maria João, querida amiga, desejo que tenhas um Feliz Natal, extensivo aos que te são mais queridos.

    Beijo.

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  8. Olá, Maria João, boa noite :)

    Tenho estado um pouco ausente (problemas de saúde),
    mas a "verdade" é que jamais esqueço os amigos
    que aqui me acarinham e incentivam.

    Neste momento especial, quero agradecer os teus votos
    e expressar aqui o meu desejo de Festas Felizes para ti
    e Família.

    Beijinhos gratos. Até breve :)

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  9. Pode parecer que ando longe, mas estou presente.
    Este é um dos lugar que permanentemente me chamam.

    Um beijinho grande, Maria João
    Votos de um Bom Natal

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  10. Maria João,

    Belo e verdeiro amiga, esta ausência, esta busca, esta sombra que cai sobre nós enquanto queremos devorar a verdade e nada nos alimenta.

    Quero desejar a você e todos que quer bem um ano plenos de boas novas.

    grande abraço,

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  11. Maria João, minha querida amiga, desejo que tenhas um excelente 2013 e que todos os teus sonhos e desejos se realizem.

    Beijo.

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  12. Maria João,
    Que 2013 envergue sempre roupagens de esperança!

    Beijo :)

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  13. O verso é um percurso possível para o caminhante que sente fome duma "verdade" para além do caminho palmilhado , que lhe subsista , consequentemente e , que , simultaneamente oiça as outras "verdades" para que no final - que não tem fim - a poesia triunfe , como esta que aqui imprimiste . Parabéns .
    Beijos e votos de Feliz Ano de 2013.

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  14. mais um lugar incomum onde se escondem não sei que sopros e onde a verdade é inquietante mas urgente.
    O poema seduz em palavras e em tempo sem relógios.

    (gosto sempre tanto!)

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