quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Infindável Acaso








                      Uma brecha

Um despropositado lugar

O começo é iniciado pelo começo

                                      do tempo



Do tempo a constante mudança

O recomeço e a lacuna

                       o reinício do pêndulo



Uma fria aragem contundente

O espaço colhido pelo espaço

Tomado lugar por uma fenda



Conjugados elementos

Sob o chão tomam raízes

                Onde nascem açucenas

Penas que ardem num sol de vidro



           Uma brecha um tempo

   Um acaso num rio de chuva



O  começo é acaso

     e o acaso  uma brecha

                          no vento

                   Fenda sobre fenda


                                 
                                       Infindável
                

6 comentários:

  1. Na verdade improvável
    há pedras com vida por dentro

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  2. A mudança é instável movimento
    Assim como oscilante é a raiz do medo
    que nos forma
    Indefinido pêndulo,
    Irregular compasso,
    Inevitável fenda.


    E se, por acaso,
    A fenda rasga o tempo,
    E o rasgo, num acaso, pelo tempo se estende,
    O recomeço, começo nunca é.


    Esse é um lugar de infusas águas
    de profusos sopros
    de insanos mundos

    Onde o tempo só será tempo
    quando um acaso se der


    ---

    Muito belo

    Bjo.

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  3. Querida Maria,

    Um acaso que se escreve infinitamente

    um poema colhido no espaço íntimo

    de flores refletidas pelo o sol,

    mesmo em nuvem que atravessa o vitral

    emite a luz essencial

    de espiral

    em que há renovação...

    A tua bela poética transmite sempre essa infinitude

    que me encanta,amiga!!

    Beijinhos e abraço grande na tua linda alma...

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  4. Olá! Há quanto tempo!
    Todo o poema é de uma incrível presença, de uma forte e sublime chama que vem do interior, se expande, se reflecte, se movimenta. Cresce inevitavelmente, multiplica-se, irradia-se, transforma-se. E é como se um céu de estrelas rasgasse o céu dentro de outro céu, no coração de um outra galáxia, no âmago da mais profunda luz.

    O começo, assim como a paixão é um acaso, por exemplo.
    Abre-se a fenda, e o vento de rompante enebria os sentidos. Paixão sobre paixão antiga, já ultrapassada e esquecida. Inevitável. Impossível de prever, impossível de controlar. Depois, depois é o tempo, a fenda que marca o caminho, e os passos incertos, que transfiguram a vida e a fazem esta incógnita permanente e quase sadia de não sabermos o que dela advirá.

    Por um lado a leveza como as penas, por outro a incerteza como o pêndulo inquietante. No final apenas a certeza de que tudo é incerto, mas inevitável, seja qual for o tempo e o sentido. Um grito, um anseio, um lamento, um sorriso, um suspiro.

    E aqui me encontro nesta fenda "maquiavélica" de letras a explodir raízes de emoção ao ler-te.

    Beijinhos

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  5. Será mesmo acaso, esse pêndulo, esse tempo, esse rio que os leva? Talvez não, talvez sim, que importa?
    Bom voltar a ler-te :)

    Beijinhos

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  6. O acaso é mesmo infindável.
    Excelente poema, gostei imenso. Como sempre, aliás.
    Maria João, tem um bom fim de semana.
    Beijo.

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